Os
iazidis,
yazidis,
yezidi,
êzidi ou
yazdani (; ; ou
êzidîtî; ; ) constituem uma comunidade étnico-religiosa
curda cujos membros praticam uma antiga
religião sincrética, o
iazidismo, uma espécie de
iazdânismo ligada ao
zoroastrismo e a antigas religiões da
Mesopotâmia. A maior parte dos seus membros vive ou é originária da província de
Ninawa, no norte do
Iraque, cuja capital é
Mossul, uma região que fez parte da antiga
Assíria e foi o centro do
Império Neoassírio, mas também há comunidades na
Arménia,
Geórgia e
Síria, as quais têm registado um acentuado declínio desde a década de 1990, devido à emigração para a
Europa Ocidental, sobretudo para a
Alemanha.
Segundo os próprios iazidis, a sua religião tem origem no antigo
Irão e há numerosas semelhanças entre o iazidismo atual e as antigas religiões persas, o que leva muitos autores a considerá-lo um vestígio sobrevivente do
mitraísmo iraniano que se adaptou a um ambiente hostil absorvendo elementos exógenos. Entretanto outros estudos consideram que o iazidismo tem origem no movimento heterodoxo do
islão sunita do protagonizado pelo
xeque , que misturou elementos islâmicos e com outros elementos pré-islâmicos conservados no
Curdistão. Os iazidis acreditam em
Deus como criador do mundo, que colocou sob o cuidado de sete "seres sagrados" ou anjos, cujo "chefe" (
arcanjo) é Melek Taus, o Anjo
Pavão. Como governante do mundo, este Anjo Pavão é a causa de tudo o que sucede de bom e de mau aos humanos e este caráter ambivalente surge em mitos da sua queda em desgraça junto de Deus, antes das suas lágrimas de arrependimento terem apagado os fogos do seu cárcere infernal e de ter-se reconciliado com Deus. Esta crença tem origem nas reflexões místicas
sufistas (um ramo místico do
islão) sobre o anjo
Iblis (o equivalente islâmico do
Diabo), que se recusa orgulhosamente a violar o
monoteísmo, adorando
Adão e Eva, apesar da ordem expressa de Deus para o fazer.
Devido a essa relação com a tradição sufista de Iblis, alguns seguidores de outras religiões monoteístas identificam o Anjo Pavão com o espírito maligno não redimido
Satanás, o que está na origem de séculos de perseguição dos iazidis como "adoradores do
Diabo". Nas últimas décadas do os iazidis, como o resto dos curdos, foram perseguidos e deslocalizados das suas terras pelo regime de
Saddam Hussein. Após o início da
Guerra do Iraque, a comunidade iazidis sofreu vários ataques por parte de fundamentalistas sunitas e, em agosto de 2014, foi alvo de massacres por parte do chamado
Estado Islâmico do Iraque e do Levante, como parte da campanha para extirpar o Iraque e os países vizinhos de quaisquer influências não muçulmanas, onde não escapam as suas mulheres e crianças.