O termo
vassoura-de-bruxa é aplicado a um tipo de
doença ou sintoma de doença de
plantas em que ocorre um desenvolvimento anormal do
tecido meristemático ou superbrotamento. Embora a vassoura-de-bruxa ocorra em muitas espécies de plantas de famílias diferentes e possa ser causado por diversos tipos de patógenos (vírus, fitoplasmas ou fungos), a mais conhecida dentre elas é a que afeta o cacaueiro. A
Vassoura-de-bruxa do cacaueiro é uma
doença dos
cacaueiros causada por um fungo basidiomiceto
Moniliophtora perniciosa Stahel Aime & Phillips-Mora. É uma das doenças de maior impacto econômico nos países produtores de cacau da
América do Sul e das ilhas do
Caribe.
M. perniciosa ataca as regiões
meristemáticas do cacaueiro, principalmente frutos, brotos e almofadas florais, ocasionando queda acentuada na produção, provocando o desenvolvimento anormal, seguido de morte, das partes infectadas.
Atualmente, a
doença constitui o maior problema fitopatológico do estado da
Bahia e, talvez, do
Brasil. A doença é originária da
bacia amazônica e só foi detectada no
sul da Bahia (
Microrregião de Ilhéus-Itabuna) em
1989. De 1991 para 2000 o
Brasil teve sua produção anual reduzida de 320,5 mil toneladas para 191,1 mil toneladas, caindo a sua participação no mercado internacional de 14,8% para 4%. Esse quadro, associado aos baixos preços do produto praticados no momento da introdução da
doença, tem fragilizado consideravelmente a situação sócio-econômica e o equilíbrio ecológico das regiões produtoras do
cacau no país, onde cerca de 2,5 milhões de pessoas dependem dessa atividade . Este problema atinge o
Brasil como um todo ao afetar toda a cadeia produtiva de cacau. Devido à drástica redução na produção de cacau, o
Brasil hoje deve importar este produto para assim suprir sua demanda interna, incrementando os custos de produção de
chocolate e aumentando os riscos de ingresso de outras
doenças.
Devido à grande importância econômica da
vassoura-de-bruxa, numerosos esforços têm sido envidados na tentativa de estabelecer um plano de controle efetivo e economicamente viável para esta
doença. Destas estratégias de controle, a considerada como mais promissora é o plantio de mudas resistentes à doença, prática que vem sendo largamente adotada no sul da Bahia. Porém, no
Equador demonstrou-se que variedades resistentes podem tornar-se suscetíveis ao longo de várias gerações e um estudo recente demonstrou que a variabilidade genética de M. perniciosa na
Bahia é muito baixa quando comparada àquela encontrada na região amazônica, mostrando apenas a existência de dois genótipos do
patógeno na
Bahia; estes resultados indicam que estes clones resistentes podem ser muito sensíveis a novas introduções do fungo provenientes da
Amazônia. Além disso, o cacau apresenta problema de incompatibilidade sexual. Com a
clonagem, tem sido uma observação recorrente no
sul da Bahia a existência de plantas com forte
floração, mas que não frutificam. Em conjunção com esse fato, muitos dos clones distribuídos não apresentam as qualidades
agronômicas ideais para o
plantio, tendo sido a sua seleção feita baseada apenas na resistência à
doença.