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Suméria
A Suméria (na Bíblia, Sinar; do acádio Šumeru; em sumério: ki-en-gir15, algo como "terra de reis civilizados" ou "terra nativa") foi uma antiga civilização e o nome dado à região histórica habitada por essa civilização, no sul da Mesopotâmia, atual sul do Iraque e Kuwait, durante a Idade do Cobre (ou Calcolítico) e a Idade do Bronze inicial. Embora os primeiros registros escritos da região não remontem a mais que cerca de 3500 a.C., os historiadores modernos sugerem que a Suméria teria sido colonizada permanentemente entre por volta de 5500 e 4000 a.C. por um povo não-semita que pode ou não ter falado o idioma sumério (utilizando como evidência para isto os nomes das cidades, rios e ocupações básicas). Estes povos pré-históricos sobre o qual se conjecturou são chamados atualmente de "proto-eufrateanos" ou "ubaidas", e, segundo algumas teorias, teriam evoluído a partir da cultura Samarra, do norte da Mesopotâmia (Assíria). Os ubaidas foram a primeira força civilizatória na Suméria, drenando os pântanos para praticar a agricultura, desenvolvendo o comércio e estabelecendo indústrias, entre elas a tecelagem, o trabalho do couro e dos metais, a alvenaria e a cerâmica. Alguns estudiosos, no entanto, como Piotr Michalowski, professor de Línguas e Civilizações Antigas do Oriente Médio da Universidade do Michigan, e o acadêmico alemão Gerd Steiner, contestam a ideia de um idioma proto-eufrateano ou de uma língua de substrato. Tanto eles quanto outros sugeriram que a língua suméria era o idioma falado originalmente pelos povos caçadores e pescadores que viviam nos pântanos e na região costeira da Arábia Oriental, e pertenciam à cultura bifacial árabe. Os registros históricos confiáveis aparecem apenas muito mais tarde; nenhum deles foi datado antes do período de Enmebaragesi (c. século XXVI a.C.). O arqueólogo americano de origem letã Juris Zarinš acredita que os sumérios seriam um povo que habitava o litoral oriental da Península Arábica, no Golfo Pérsico, antes de ele ter sido inundado, ao fim da Idade do Gelo. A literatura dos sumérios menciona sua terra natal como sendo Dilmun.

Para o sumerólogo Samuel Noah Kramer "nenhum povo contribuiu mais para a cultura da humanidade que os sumérios", e, ainda assim, apenas recentemente é que se pôde construir uma noção sólida da existência desta antiga cultura. A civilização suméria tomou forma durante o período de Uruk (IV milênio a.C.), e continuou a se desenvolver durante os períodos de Jemdet Nasr e o início do período dinástico. Durante o III milênio a.C., desenvolveu-se uma forte simbiose cultural entre os sumérios (que falavam uma língua isolada) e os falantes do acádio (um idioma semita), que incluía uma forma difundida de bilinguialismo. A influência do sumério no acádio (e vice-versa) é evidente em todas as áreas, desde empréstimos léxicos em grande escala, até convergências sintáticasmorfológicas e fonológicas. Isto fez com que os estudiosos afirmassem que o sumério e o acádio do III milênio a.C. formavam um sprachbund. A Suméria foi conquistada pelos reis do Império Acádio, que falavam idiomas semitas, por volta de 2270 a.C. (cronologia curta), porém o sumério continuou a ser usado como língua litúrgica. Os sumérios voltaram a assumir o domínio de seus territórios durante a Terceira Dinastia de Ur (Renascimento Sumério), entre os séculos XXI e XX a.C., porém a língua acádia continuou a ser usada. A cidade suméria de Eridu, no litoral do Golfo Pérsico, foi a primeira cidade do mundo, na qual três culturas diferentes se fundiram - a dos fazendeiros e camponeses ubaidas, que viviam em cabanas de barro e praticavam a irrigação; a dos pastores semitas nômades que viviam em tendas negras, seguindo seus rebanhos de ovelhas e cabras; e a dos pescadores, que viviam em cabanas de junco nos pântanos, e que provavelmente eram os ancestrais diretos dos sumérios.

Esta prática da agricultura com irrigação, somada à renovação anual da fertilidade do solo e o excedente que isto gerava de comida, que era armazenada nos granários dos templos, permitiu um crescimento populacional na região a níveis nunca vistos até então, ao contrário do que ocorria com as culturas mais antigas, que praticavam a agricultura itinerante. Este aumento na densidade populacional, por sua vez, ao mesmo tempo criou e tornou necessária uma força de trabalho cada vez maior, e uma divisão do trabalho, gerando diversas artes e ofícios especializados. Ao mesmo tempo, a utilização excessiva dos solos irrigados provocou uma salinização do solo, o que gerou uma crise malthusiana que causou um declínio populacional da região suméria ao longo do tempo, e que fez com que ela viesse a ser eclipsada pelos acádios que habitavam regiões mais setentrionais da Mesopotâmia.


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