Etnoficção refere-se especificamente a uma
docuficção etnográfica, uma mistura de
documentário e de
ficção na área da
antropologia visual. Refere-se a um filme cujas personagens, nativos, recorrendo a uma narrativa ficcionada ou à pura imaginação, muitas vezes improvisando, desempenham o seu próprio papel como membros de um grupo
étnico ou social. O termo é usado em
antropologia visual, enquanto
etnografia e tem por objecto de estudo mais a
etnia que o indivíduo que a representa.
Jean Rouch é considerado como o pai da etnoficção. Etnólogo, apaixonado pelo
cinema, cedo descobre que, forçada a intervir no evento que regista (o
ritual), a máquina de filmar torna-se participante. Exigir na pesquisa etnográfica uma câmara não participante, como Marcel Griaule, seu mestre, preconizava é um preconceito que a
prática contradiz. Avançando mais na pesquisa que os seus precursores, Jean Rouch introduz nela o actor, enquanto ferramenta científica. Nasce um novo
género de cinema.
Referindo-se sobretudo a filmes do domínio da
etnologia enquanto
antropologia visual, o termo etnoficção também serve para designar filmes documentários artísticos, de longa tradição, que precedem e sucedem Rouch. O termo pode também ser usado, num sentido mais geral, para designar qualquer obra de ficção na
comunicação humana, na
arte ou na
literatura, com base etnográfica ou social.