O
bicho-papão,
coco (ô),
papa-gente,
papão,
cuca,
papa-figo,
tutu,
bitu,
boitatá,
manjaléu ou
mumuca é um ser imaginário das
mitologias infantis
portuguesa e
brasileira, estando também presente no resto da
península Ibérica, como na
Galiza, na
Catalunha e nas
Astúrias. O bicho-papão é a personificação do
medo. É um ser mutante que pode assumir qualquer forma de bicho. É um ser ou animal frequentemente de aspecto monstruoso comedor de crianças, um papa-meninos. Está sempre à espreita e é atraído por crianças desobedientes.
O bicho-papão, tal como outros seres míticos como o
homem do saco, sarronco ou a
coca, é usado pelos pais para assustar e impedir que as crianças desobedeçam. Todas as suas representações estão associadas ao mal que pode ocorrer às crianças caso se afastem ou contrariem os pais; a expressão "porta-te bem senão vem o bicho-papão" induzia, assim, o respeito das crianças às ordens dos pais. Na Galiza, é um ser gigantesco, mas pode também ser um
trasgo ou
duende. Mas, qualquer que seja a sua representação, o seu nome, que deriva do termo de conotação infantil "papar", revela a sua principal função: devorar crianças.
C. Cabral refere que, na
Espanha, o papão tem um tamanho gigantesco, boca enorme, olhos de fogo e estômago de forno ardente. Em Portugal, o papão é tema de uma antiga
cantiga de embalar:
- "Vai-te papão, vai-te embora
- de cima desse telhado,
- deixa dormir o menino
- um soninho descansado."