O
mordomo do palácio era um dos mais altos dignitários de alguns
estados medievais europeus, nomeadamente dos reinos
francos dos
séculos VII e VIII, sendo responsável pela administração da
casa real. A designação do cargo tem origem no
latim "
major domus" ("maior" ou "superior da casa"), abreviatura da designação completa do cargo "
quasi magister palatii seu major domus regiæ" ("por assim dizer, mestre do palácio ou maior da casa do rei").
Durante o século VII, o cargo de mordomo do palácio acabou por se tornar o detentor do verdadeiro poder por trás do trono da
Austrásia, a parte setentrional do Reino dos Francos durante a
dinastia merovíngia. A partir de meados do período merovíngio, o mordomo passou a deter e a exercer real e efetivamente o poder no que dizia respeito às decisões que afetavam o reino, reduzindo-se os reis ao desempenho de funções meramente cerimoniais, o que os tornava pouco mais do que reis nominais e simples figuras de proa. Por esta altura, o mordomo pode ser comparado a um
primeiro-ministro de uma moderna
monarquia constitucional - concentrando o poder efetivo, em nome de um rei meramente cerimonial - ou das figuras do
xogun japonês e do peshwa
indiano.
O cargo tornou-se hereditário em favor da família dos
pipinidas, de onde sairam poderosos mordomos do palácio, entre os quais
Carlos Martel, sendo que nos últimos quatro anos do seu governo nem sequer existiu a figura de um rei, ainda que meramente de fachada, reinando ele próprio com o título de "
duque e príncipe dos Francos" (
dux et princeps Francorum). Depois da reunião da Austrásia e da
Nêustria num único reino,
Pepino, o Breve (mordomo desde 747) tomou a coroa aos merovíngios em 751, fundando uma
dinastia carolíngia. O seu filho,
Carlos Magno, assumiu um poder ainda maior, ao ser coroado
Imperador em 800, tornando-se uma das maiores figuras da
história da Europa.