Segundo
Michael Löwy, "José Carlos Mariátegui é não somente o mais importante e inventivo dos marxistas latino-americanos, mas também um pensador, cuja obra, por sua força e originalidade, tem um significado universal", guardando afinidades com grandes pensadores do
marxismo ocidental, como
Gramsci,
Lukács e
Walter Benjamin. Segundo Löwy, o núcleo da sua singular interpretação do marxismo, é irredutivelmente
romântico - o que, do ponto de vista da ortodoxia
stalinista, era uma heresia. Em artigo de 1941, Vladimir Myasishchev, denunciou o "
populismo" e o "
romantismo" de Mariátegui, para demonstrar que seu pensamento era estranho ao marxismo. Como exemplo deste "romantismo nacionalista", Myasishchev citava as teses de Mariátegui sobre a importância do
coletivismo agrário inca para a luta
socialista moderna no Peru.
Nos
Sete ensaios,Mariátegui examina a situação econômica e social do Peru, de um ponto de vista marxista. A obra é considerada como o primeiro documento de análise da sociedade latino-americana. O livro parte da história econômica do Peru e prossegue apresentando o "problema indígena", que o autor liga ao "problema agrário". Os demais capítulos são dedicados à educação, à religião, ao
regionalismo e à centralização, assim como à literatura. Na mesma obra, Mariátegui responsabiliza os proprietários de terras pela
situação econômica do país e pelas condições de vida miseráveis dos indígenas da região. Ao mesmo tempo, observa que o Peru teria ainda numerosas características das
sociedades feudais e defende a ideia de que a transição para o
socialismo poderia ocorrer através das formas de coletivismo tradicionais, praticadas pelos indígenas.