O
Movimento de Independência do Chile entre os anos de
1817 e
1818, liderado por
Bernardo O'Higgins, libertou o país da dominação secular espanhola, porém colocou o novo país na órbita do
imperialismo inglês, uma vez que, a partir da década de 20 as oligarquias conservadoras assumiram o controle político do país, apoiada pela
Igreja Católica, preservando portanto os privilégios da elite criolla. Nesse sentido, a vida econômica do país continuou a basear-se no
latifúndio agrário e pecuarista na região sul e na exploração mineral na região norte.
A sociedade era formada por uma grande massa de trabalhadores assalariados e por uma pequena elite, sendo parte ligada ao
latifúndio e parte ao setor exportador e financeiro. Essa elite manteve o poder político até 1881, quando foi substituída por uma nova elite, caracterizada porém por uma postura
liberal e
nacionalista, destacando-se o governo de
José Manuel Balmaceda ( 1886-91) que realizou importantes reformas sócio econômicas e acabou por ser derrubado após uma pequena guerra civil. O "Parlamentarismo
Chileno" (1891 1925) tornou-se então a fórmula política para que os conservadores mantivessem o poder. A eleição do
Presidente da República deveria ser confirmada pelo
Congresso Nacional. A primeira metade do século XX conheceu momentos de desenvolvimento industrial e urbano, aproveitando-se das
Guerras Mundiais e ao mesmo tempo aumento da dívida externa, da inflação e da dependência em relação ao capital internacional. Desde a década de 20 era o imperialismo norte americano quem detinha maior influência sobre a economia do país e controlava principalmente a exploração de minério ( em especial o
cobre). Ao mesmo tempo o
êxodo rural e o crescimento de atividades urbanas remodelaram a sociedade, originando um
proletariado mais significativo, assim como uma maior camada média. Essas mudanças foram acompanhadas no terreno político com a formação de novos
partidos políticos e
sindicatos, tanto de
esquerda como liberais nacionalistas. Apesar de não ter havido no
Chile um líder
populista tradicional, a situação política era bem semelhante à de outros países: Polarização. De um lado as forças populares em conjunto com a
classe média empobrecida e de outro as elites do campo e da cidade apoiadas no capital estrangeiro e pela
Igreja Católica. Essa situação é bastante evidente após a
Segunda Guerra Mundial, quando a partir da
Doutrina Truman inicia-se a
Guerra Fria, percebida na
América Latina com a criação do TIAR em 1948. O primeiro reflexo dessa nova situação foi a aprovação da Lei da Defesa da
Democracia ( chamada Lei Maldita), de 1948, que serviu para promover perseguições políticas a líderes sindicais e de partidos de
esquerda. Mesmo com as perseguições, a organização popular tendeu a se fortalecer: em 1951 formou-se a Frente do Povo ; em 1953 foi fundada a Central Única dos Trabalhadores e em 1956 foi formada a FRAP ( Frente de Ação Popular).Essas novas organizações refletiam a situação de decadência econômica do país, fruto da queda das exportações e da maior inflação. Na década de 60 desenvolveu-se uma nova alternativa política, o
Partido Democrata Cristão -
PDC - que atraiu as camadas urbanas, inclusive parte do
proletariado. O Governo do
PDC a partir de 1964 foi marcado pelo projeto desenvolvimentista, apoiado em empréstimos externos, e pelo início de uma
reforma agrária. No entanto, as superficialidades das medidas de
Eduardo Frei descontentaram a maioria da sociedade, sendo que o próprio
PDC dividiu-se em duas grandes facções ao passo que as camadas populares do campo e da cidade, apoiando as organizações de
esquerda organizaram a
Unidade Popular, que disputou e venceu as eleições de 1970, levando o socialista
Salvador Allende ao poder, que seria deposto e morto pelos militares chilenos em
11 de setembro de 1973, logo
Augusto Pinochet assumiria o poder e governaria de forma ditatorial.