A chamada
História das mentalidades é uma modalidade
historiográfica que privilegia os modos de
pensar e de sentir dos
indivíduos de uma mesma
época. Segundo
Michel Vovelle, é o "
estudo das mediações e da relação dialética entre, de um lado, as condições objetivas da vida dos homens e, de outro, a maneira como eles a narram e mesmo como a vivem"; ou, segundo Robert Mandrou, uma história centrada nas
visões de mundo, ou ainda, segundo
Roger Chartier, uma história do sistema de crenças, de valores e de representações próprios a uma época ou grupo. Segundo
Duby, a designação ajustava-se à necessidade de explicar o que de mais fundo persiste e dá
sentido à vida material das
sociedades, ou seja, as ideias que os indivíduos formam das suas condições de existência que "
comandam de forma imperativa a organização e o destino dos grupos humanos".
Haveria uma "mentalidade coletiva"?
Lucien Febvre perguntava-se se existiriam modos de sentir e de pensar que fossem comuns a
Cristovão Colombo e ao mais humilde
marinheiro de suas
caravelas. Esta pergunta foi retomada a partir dos
anos 1960, e começa a se formar mais claramente como uma nova orientação da pesquisa histórica a partir de
autores como
Philippe Ariès, Robert Mandrou e Michel Vovelle.
Deve-se ainda ter em vista que a História das mentalidades associou-se também ao
conceito de "longa duração" ou "tempo longo", característico da
escola dos Annales. Tal como o compreendia
Fernand Braudel, as mentalidades constituiriam um padrão de pensamento ou de
sensibilidade que mudaria muito lentamente, vindo a formar uma estrutura de longa duração.