A
Guerra de Independência de Angola, também conhecida como
Luta Armada de Libertação Nacional, foi um
conflito armado entre as forças
independentistas de Angola —
UPA/
FNLA,
MPLA e, a partir de
1966, a
UNITA — e as
Forças Armadas de Portugal. Para o MPLA, a guerra teve início a
4 de Fevereiro de
1961, quando um grupo de cerca de 200 angolanos, ligados a este movimento, atacou a Casa de Reclusão Militar, em
Luanda, a Cadeia da 7.ª Esquadra da polícia, a sede dos
CTT e a Emissora Nacional de Angola. No entanto, para Portugal e para a FNLA, a data é 15 de Março do mesmo ano, data do primeiro ataque das forças de
Holden Roberto, a UPA, na região Norte de Angola. A guerra prolongar-se-ia por mais 13 anos, terminando com um
cessar-fogo em Junho (com a UNITA) e Outubro (com a FNLA e o MPLA) de
1974. A
independência de Angola foi estabelecida a
15 de Janeiro de
1975, com a assinatura do
Acordo do Alvor entre os quatro intervenientes no conflito: Governo português, FNLA, MPLA e UNITA. A independência e a passagem de soberania ficou marcada para o dia
11 de Novembro desse ano.
Depois de quatro séculos de
presença em território africano, no final do século XIX, Portugal achou-se no direito de reivindicar a soberania dos territórios desde Angola a Moçambique, junto das outras potências europeias. Para tal, teria lugar a
Conferência de Berlim em
1884. A partir desta data, foram várias as expedições efectuadas aos territórios africanos, às quais se seguiram campanhas militares com o objectivo de "pacificar" as populações. A população tentou resistir mas, dada a superioridade bélica de Portugal, rapidamente abandonaram a resistência por meio das armas. Décadas depois, Portugal foi colocado frente-a-frente com guerras de independência, a primeira das quais a de Angola, que também marcou o início da
Guerra Colonial Portuguesa. Seguir-se-iam as da
Guiné-Bissau (
1963) e de
Moçambique (
1964). Influenciadas pelos movimentos de
autodeterminação africanos do
pós-guerra, o grande objectivo das organizações independentistas era "libertar Angola do colonialismo, da escravatura e exploração", impostos por Portugal. Embora Angola fosse um território de grande riqueza de recursos naturais, nomeadamente em
café,
petróleo,
diamantes, minério de
ferro e
algodão, para o Governo de Portugal, liderado por
António de Oliveira Salazar, o que era preciso defender era o
regime e não a economia. Muitas vezes incentivados pelo próprio Estado português, cerca de 110 000 imigrantes foram para as colónias africanas, a grande maioria para Angola, nas décadas de 1940 e 1950; em 1960, dos cerca de 126 000 colonos residentes em Angola, 116 000 eram originários de Portugal.
Do ponto de vista militar, as tropas portuguesas tiveram que enfrentar uma guerra de guerrilha não-convencional, para a qual não estavam preparadas nem motivadas. O esforço de guerra recaiu sobre o
Exército, dadas as características do conflito, apoiado por meios navais e aéreos. Inicialmente, o equipamento do exército português estava obsoleto (a maioria datava da Segunda Guerra Mundial e algum era mesmo anterior), e o número de forças era de cerca de 6 500 homens. A partir do primeiro ano, as forças portuguesas passaram de 33 000 homens (1961) até atingir um contingente de 65 000 no final da guerra, que reunia todos os ramos das
Forças Armadas. Embora superior em homens, estes precisavam do apoio dos meios navais e aéreos, tacticamente mais fortes. No entanto, por falta de recursos para apoiar este meios, e pela natureza desgastante do conflito, Portugal foi perdendo a sua superioridade ao longo do conflito. Para combater a guerrilha, Portugal teve de se adaptar com técnicas de contra-subversão a partir de
1966. Em relação à guerrilha, esta estava completamente adaptada ao
terreno e ao clima difícil de Angola: moviam-se sem dificuldade em pequenos grupos (10 a 40 elementos), aproveitando-se, ao nível logístico e operacional, do apoio das populações. No entanto, uma das principais ameaças dos guerrilheiros vinha do seu interior: disputas tribais, diferenças étnicas e culturais. Ao longo do conflito, a UPA/FNLA, o MPLA e a UNITA, que actuavam em diferentes regiões de Angola, por vezes defrontavam-se entre eles Estas divergências iriam agudizar-se após a
Independência de Angola, com a
Guerra Civil Angolana.