A
escultura helenística representa uma das mais importantes expressões da cultura
helenística, e o estágio final da evolução da tradição grega de
escultura na
Antiguidade. A definição de sua vigência cronológica, bem como de suas características e significado, têm sido objeto de muita discussão entre os historiadores da arte, e parece que um consenso está longe de ser alcançado. Usualmente se considera o período helenístico compreendendo o intervalo entre a morte de
Alexandre, o Grande, em , e a conquista do
Egito pelos
romanos em Suas características genéricas se definem pelo
ecletismo,
secularismo e
historicismo, tomando como base a herança da
escultura grega clássica e assimilando influências orientais. Entre suas contribuições originais à tradição grega de escultura estão o desenvolvimento de novas técnicas, o aperfeiçoamento da representação da
anatomia e da expressão emocional humanas, e uma mudança nos objetivos e abordagens da arte, abandonando-se o genérico pelo específico. Isso se traduziu no abandono do idealismo clássico de caráter
ético e
pedagógico em troca da enfatização dos aspectos humanos cotidianos e do direcionamento da produção para fins puramente
estéticos e, ocasionalmente, propagandísticos. A atenção dada ao homem e em sua vida interior, suas emoções, seus problemas e anseios comuns, resultou num estilo realista que tendia a reforçar o drama, o prosaico e o movimento, e com isso aparecendo os primeiros
retratos individualizados e verossimilhantes da arte ocidental. Ao mesmo tempo, ocorre uma grande ampliação da temática, com a inclusão de representações da velhice e da infância, de deidades menores não-
olímpicas e personagens secundários da
mitologia grega, e de figuras do povo em suas atividades diárias.
O gosto pelo historicismo e a erudição que caracterizou o período helenístico se refletiu na escultura de forma a incentivar a produção de obras novas de índole deliberadamente retrospectiva, e também de cópias literais de obras antigas, especialmente em função da ávida procura por composições célebres classicistas de parte do grande mercado consumidor romano. Como consequência, a escultura helenística se tornou uma influência central em toda a história da
escultura da Roma Antiga. Através da Roma helenizada se preservou para a posteridade um inestimável acervo de modelos formais e de cópias de peças importantes de autores gregos consagrados, cujos originais acabaram desaparecendo em épocas posteriores, e sem as quais nosso conhecimento da
escultura da Grécia Antiga seria muitíssimo mais pobre. Por outro lado, o imperialismo de Alexandre em direção ao Oriente levou a arte grega até regiões distantes da
Ásia, influenciando as produções artísticas de diversas culturas orientais, originando uma série de derivações estilísticas híbridas e a formulação de tipologias escultóricas novas, entre as quais talvez a mais seminal no Oriente tenha sido a fundação da
iconografia do
Buda, até então vedada pela tradição
budista. Para o Ocidente moderno, a escultura helenística foi importante como forte influência sobre a produção
Renascentista,
Barroca e
Neoclássica. No a escultura helenística caiu em desprestígio e passou a ser vista como mera degeneração do ideal clássico, um preconceito que penetrou no e só recentemente começou a ser posto de lado, através da multiplicação de pesquisas atuais mais compreensivas sobre este tema, e apesar de seu valor ser ainda questionado por núcleos resistentes da crítica e seu estudo dificultado por uma série de razões técnicas, ao que parece a plena reabilitação da escultura helenística junto aos estudiosos é apenas uma questão de tempo, pois para o grande público ela já se revelou de grande interesse, garantindo o sucesso das exposições onde é mostrada.