A
Escola de Sagres constitui um dos grandes
mitos da
história portuguesa, resultante de deficientes interpretações de crónicas antigas. Com base no pressuposto de que o
infante D. Henrique convidou um
cartógrafo catalão para se colocar ao seu serviço, muitos consideraram (a partir logo do
século XVI, com
Damião de Góis), que teria havido uma
escola náutica em Sagres, fundada pelo Infante D. Henrique, por volta de
1417, no
Algarve. A escola, centro da
arte náutica, teria assim formado grandes
descobridores, como
Vasco da Gama e
Cristóvão Colombo.
Após o seu regresso de
Ceuta, o Infante D. Henrique fixa-se em Sagres, na Vila do Infante, rodeia-se de mestres nas artes e ciências ligadas à navegação e cria uma Tercena Naval (
tercena era um
armazém de galés)(do árabe "dar as-sina'ah") a que é comum chamar-se
Escola de Sagres. De facto, o que se criou não foi uma escola no moderno conceito da palavra, mas um local de reunião de mareantes e cientistas onde, aproveitando a ciência dos doutores e a prática de hábeis marinheiros, se desenvolveram novos métodos de navegar, desenharam
cartas e adaptaram navios.
De acordo com os cronistas da época, largavam todos os anos dois ou três navios para as descobertas. O primeiro a mencionar a existência de uma escola foi o historiador inglês
Samuel Purchas no século XVII, embora já antes Damião de Góis aludisse à ideia de uma Escola patrocinada pelo Infante. O mito foi depois consolidado por historiadores portugueses e
ingleses.