Entrismo sui generis é o nome dado a tática política defendida pelo dirigente da
Quarta Internacional Michel Pablo, e aprovada no Congresso Mundial de 1951, que nos anos seguintes desencadeou a maior crise da história da organização. Segundo ele a construção de partidos
trotskistas ligados à Internacional não estava mais na ordem do dia, pois os chamados
Estados Operários burocratizados (
URSS e
Leste Europeu) e o
stalinismo, iriam "inevitavelmente" a uma guerra contra o
imperialismo norte-americano, retomando assim o caráter revolucionário que haviam perdido a partir da política do "socialismo num só país".
Num relatório de fevereiro de
1952, Pablo insiste sobre
a evolução à esquerda do
stalinismo e, inclusive, da burocracia stalinista; (…) a burocracia soviética é ela própria obrigada – nas novas condições – a esquerdizar a sua política, a fazer apelo às massas, a procurar apoiar-se nelas. Pablo tira disso uma conclusão prática: os trotskistas devem entrar em massa nos
partidos comunistas, onde estes forem majoritários, e submeterem-se às direções destes partidos: “as 'astúcias' e as 'capitulações' são não somente admitidas como necessárias”. É o que Michel Pablo chama o
entrismo sui generis, que ele distingue evidentemente da táctica proposta por
Trotsky, em 1935 – o “entrismo” no
Partido Socialista – o qual esboçava então um “passo à esquerda” depressa parado.
Várias de suas seções, entre elas a argentina (PST, que depois tornar-se-ia o MAS), a francesa PCI e a norte-americana
SWP (que depois romperia com o trotsquismo), negaram-se a adotar a política de Michel Pablo, que conduzia as seções da Internacional a se diluirem nos
partidos comunistas ou movimentos nacionalistas dos diversos países. Ao final desse processo, Internacional se fragmentou em duas organizações, que se reunificaram majoritariamente 10 anos depois.