Um dos últimos representantes do
absolutismo,
D. João viveu num período tumultuado, e seu reinado nunca conheceu paz duradoura. Ora era a situação portuguesa ou europeia a degenerar, ora era a brasileira. Não esperara vir a ser rei; só ascendeu à posição de herdeiro da Coroa pela morte de seu irmão mais velho,
D. José. Assumiu a regência quando sua mãe,
Dona Maria I, foi declarada mentalmente incapaz. Teve de lidar com a constante ingerência nos assuntos do reino de nações mais poderosas, notadamente a
Espanha,
França e
Inglaterra. Obrigado a fugir de Portugal quando as
tropas napoleônicas invadiram o país, chegando à colônia enfrentou revoltas
liberais que refletiam eventos similares na metrópole, e foi compelido a retornar à Europa em meio a novos conflitos. Perdeu o Brasil quando seu filho D. Pedro I proclamou a independência e viu seu outro filho,
D. Miguel I, rebelar-se buscando depô-lo. Finalmente, foi provado há pouco tempo que morreu envenenado. Seu casamento foi da mesma forma acidentado, e a esposa,
Dona Carlota Joaquina, repetidas vezes conspirou contra o marido em favor de interesses pessoais ou da Espanha, seu país natal.
Não obstante as atribulações, deixou uma marca duradoura especialmente no
Brasil, criando inúmeras instituições e serviços que sedimentaram a autonomia nacional, sendo considerado por muitos pesquisadores o verdadeiro mentor do moderno
Estado brasileiro. Apesar disso, é até hoje um dos personagens mais caricatos da história luso-brasileira, sendo acusado de indolência, falta de tino político e constante indecisão, sem falar em sua pessoa, retratada amiúde como grotesca, o que, segundo a historiografia mais recente, na maior parte dos casos é uma imagem injusta.