A palavra
comuna, na
Idade Média, é a designação para a cidade que se tornava emancipada pela obtenção de carta de autonomia fornecida pelo rei. Atualmente, na
França, o termo se refere à menor subdivisão administrativa do território. Em
Portugal o termo remete às
comunas universitárias, residências que formam habitação e clube de estudantes universitários, ou à administração de
conselho. É desconhecida da
Idade Média em Portugal: os termos que indicam comunidade urbana com personalidade jurídica são ou eram chamados de
urbes,
burgos,
concelhos ou
municípios.
As raízes do movimento comunal encontram-se nas aspirações dos
burgueses das cidades que queriam
liberdade,
segurança, isenção de
impostos feudais e
justiça própria; estas exigências resultavam do desenvolvimento comercial, que era afectado pela rigidez das estruturas feudais. Embora apresentem características semelhantes aos municípios portugueses, nem as cartas comunais francesas são comparáveis a
forais, que na maioria dos casos não passam de listas de encargos a satisfazer à coroa pelos concelhos. Nos próprios burgos onde a burguesia mercantil predominava (como o
Porto) e o grau de sujeição ao rei diminuía, dificilmente se poderá falar de «autonomia política» no sentido comunal.
As comunas eram grandes unidades de produção rural, abrangendo a agricultura e pequenas
indústrias. Cada comuna estruturava-se de forma coletiva e centralizada. Os lotes
agrícolas familiares, distribuídos na reforma agrária de 1950, foram eliminados, e toda a terra, colocada sob controle das comunas. As comunas organizavam também a vida social e a
educação das crianças. A implantação desse sistema teve forte impacto sobre a vida familiar, diminuiu a força tradicional da autoridade paterna.