Anício Mânlio Torquato Severino Boécio (,
Roma, ca.
480 —
Pavia,
524 ou
525), mais conhecido simplesmente por
Boécio, foi um
filósofo,
estadista e
teólogo romano que se notabilizou pela sua tradução e comentário do
Isagoge de
Porfírio, obra que se transformou num dos textos mais influentes da Filosofia
medieval europeia. Traduziu, comentou ou resumiu, entre outras obras dos clássicos gregos, para além do
Isagoge de
Porfírio e do
Organon de
Aristóteles, vários tratados sobre
matemática,
lógica e
teologia. Notabilizou-se também como um dos teóricos da música da
antiguidade clássica greco-latina, escrevendo a obra
De institutione musica, também aparentemente com base em antigos escritos gregos. Sendo
senador de
Roma, no ano de 510 foi nomeado cônsul e em
520 foi elevado a chefe do governo e dos serviços da corte pelo
rei ostrogótico . Pouco depois, devido a desacordos políticos e por ter apoiado um senador apontado pelo rei como traidor, foi ele próprio acusado de traição a favor do
Império Bizantino e de magia, sendo subsequentemente torturado, condenado à morte e executado. Enquanto aguardava sob prisão a execução, escreveu
De Consolatione Philosophiae (
Do Consolo pela Filosofia), obra que versa, entre outros temas, o conceito de
eternidade e na qual tenta demonstrar que a procura da sabedoria e do amor de Deus é a verdadeira fonte da felicidade humana. Membro de uma família ligada ao então nascente
cristianismo, é considerado pela
Igreja Católica Romana, pelo seu contributo para a teologia cristã e pelos serviços que prestou aos cristãos, um
mártir e um dos
Padres da Igreja.