Entende-se por
Biota Ediacarana (anteriormente
Vendiana), um enigmático conjunto de seres de aspecto tubular e sésseis em forma de fronde (estacionários) que viveram durante o
Período Ediacarano (ca.635-542
Ma). Como até recentemente o nome do período Ediacarano era
Vendiano, também se usa a denominação
Biota Vendiana. Além disso, boa parte dos seres em questão assemelham-se a animais primitivos, sendo comuns os termos
Fauna Ediacarana e
Fauna Vendiana. No entanto, como a classificação destes seres é incerta,
biota é um termo mais apropriado do que
fauna para designar o seu conjunto.
Vestígios
fósseis destes seres têm sido encontrados em todo o mundo, pensando-se que representavam os mais antigos
organismos multicelulares complexos conhecidos. Apesar de seres multicelulares simples, tais como
algas vermelhas já se terem desenvolvido há pelo menos 1200 Ma, recentemente foram descobertos macrofósseis de seres multicelulares com cerca de 2100 Ma., Os antepassados da Biota Ediacarana têm a sua origem enquanto a
Terra se debatia com as
extensas glaciações do período
Criogeniano, tendo surgido pela primeira vez há cerca de 580 Ma e florescido até ao seu desaparecimento quase completo durante o rápido aumento de
biodiversidade conhecido como
explosão cambriana, há 542 Ma atrás. Apesar de alguns fósseis raros que parecem representar sobreviventes destes seres terem sido datados tão recentemente como o
Câmbrico Médio (510-500 Ma), as comunidades fósseis primitivas desaparecem do registo no final do Ediacarano, deixando para trás apenas esporádicos fragmentos de outrora ricos
ecossistemas. A maioria dos planos corporais actualmente existentes nos
animais aparecem pela primeira vez nos
registos fósseis do
Câmbrico, tendo a Biota Cambriana substituído completamente os organismos que dominavam o registo fóssil ediacarano. Várias
hipóteses tentam explicar o seu desaparecimento, incluindo
amostragem polarizada, um ambiente em mudança, o advento de
predadores e competição com outras formas de vida mais adaptadas.
A determinação do lugar destes organismos na
árvore filogenética tem-se demonstrado impossível. A morfologia e hábito de alguns
taxa (e.g.
Funisia dorothea) sugere relações com os actuais
Porifera e
Cnidaria,
Kimberella parece mostrar similaridades com os
moluscos, e outros organismos são suspeitos de demonstrar
simetria bilateral, apesar disto ser controverso. A maioria dos
fósseis macroscópicos são
morfologicamente diferentes de formas de vida mais recentes: assemelham-se a discos, tubos, sacos cheios de lama ou mantos acolchoados. Devido à dificuldade na dedução de relações
evolucionárias entre estes organismos, alguns
paleontologistas sugerem que estes representam linhagens completamente
extintas que não se assemelham a nenhum ser vivo actual. Um paleontologista sugeriu uma categoria
taxonómica separada para estes seres ao nível hierárquico do
reino, denominada
Vendozoa, entretanto renomeada
Vendobionta. Se de facto estes organismos enigmáticos não deixaram descendência, as suas estranhas formas podem ser vistas como uma
experiência falhada da vida multicelular, com uma re-evolução posterior e independente do multicelularismo a partir de organismos unicelulares não relacionados.