As
Guerras Civis da Tetrarquia foram uma série de conflitos ocorridos no
Império Romano nas primeiras décadas do entre as várias facções imperiais romanas do período, envolvendo coimperadores (
augustos e
césares) e
usurpadores. A Tetrarquia tinha sido o modelo político implementado por
Diocleciano em 293 como forma de conter os distúrbios políticos constantes e as invasões estrangeiras que à época debilitavam o Império Romano no contexto da
Crise do Terceiro Século. Em seu modelo, Diocleciano e
Maximiano (r. 285-308; 310) foram nomeados como imperadores seniores (augustos), com
Galério e
Constâncio Cloro como seus coimperadores juniores (césares) respectivos. Com a estabilização do sistema, Diocleciano e Maximiano abdicaram em 305, garantindo a ascensão de Constâncio e Galério como augustos. Eles nomeariam
Flávio Severo e
Maximino Daia como césares, negligenciando os candidatos preferidos
Constantino, filho de Constâncio Cloro, e
Magêncio, filho de Maximiano, o que acarretaria desavenças.
Com a morte de Constâncio Cloro em 306, Constantino foi elevado pelo
exército à posição de augusto à revelia do sucessor Severo. De modo a evitar conflitos, Galério aceitou nomeá-lo césar, enquanto Severo assumiria a posição de augusto. Apesar disso, Magêncio também declarar-se-ia imperador em
Roma. Severo marchou sobre a
Itália para deter o usurpador, dando início aos numerosos conflitos do período. Ciente da aproximação do inimigo, Magêncio ofereceu a seu pai Maximiano o co-comando imperial e ambos foram capazes de derrotar e capturar Severo, que foi aprisionado e morto em 307. Galério marchou contra os rebeldes no mesmo ano, mas foi obrigado a retirar-se, consolidando a autoridade de Magêncio. Maximiano tentou dar um fracassado golpe em seu filho em 308, sendo obrigado a fugir para a corte de Constantino na Gália. Ele depositou suas esperanças na
Conferência de Carnunto convocada por Galério no mesmo ano. Nela,
Licínio foi nomeado o novo augusto do Ocidente e Maximiano foi novamente oficialmente destituído. Maximiano partiu para a Gália, onde aproveitou-se da campanha de Constantino em 310 contra os
francos para usurpar a púrpura. Seria, entretanto, derrotado militarmente e suicidaria-se no mesmo ano.
Em 311, Galério adoeceu e morreu, desestabilizando ainda mais o debilitado sistema tetrárquico. Entre 311 e 312, Licínio e Maximino Daia dividiram entre si as províncias imperiais orientais, enquanto Magêncio preparou-se no Ocidente para travar guerra contra Constantino. Ciente disso, Constantino aliou-se com Licínio para evitar que eles selassem um acordo e marchou com seu exército rumo a Itália, onde conseguiu derrotar os soldados de Magêncio em várias batalhas ao norte, abrindo caminho direto para
Roma. Nas imediações da capital travou-se a importante
Batalha da Ponte Mílvia, na qual Magêncio morreu afogado no
rio Tibre, permitindo a Constantino estabelecer-se como poder único no Ocidente. No Oriente, em 313, após um acordo entre Licínio e Constantino firmado em
Mediolano no mesmo ano, Maximino Daia invadiu as províncias orientais europeias na tentativa de estabelecer-se como governante supremo, mas foi derrotado em duas importantes batalhas e acabou morto. Em 314, devido à nomeação de
Bassiano como césar do Ocidente, Constantino e Licínio confrontam-se na
Batalha de Cíbalas. Em 316, confrontam-se novamente no
Campo Ardiense, o que leva-os a acordar uma trégua temporária que perduraria até 324. Neste ano, as tropas de Constantino e Licínio enfrentaram-se em três importantes batalhas, culminando na vitória definitiva de Constantino. Licínio foi preso e assassinado no ano seguinte, permitindo que o imperador vencedor se estabelecesse como poder único no Império Romano.